O Jiu-Jitsu é repleto de histórias de superação, algo que temos que vivenciar diariamente nos treinos para sair de um sufoco pontual no tatame. Para o professor Bruno Alves, nosso GMI da Escola Bruno Alves de Jiu-Jitsu de Itaperuna, uma situação traumática se tornou combustível para se tornar ainda melhor na missão de ensinar, além de trazer uma rota fixa para seu futuro como instrutor e mudar vidas através do Jiu-Jitsu.
Em 2012, professor Bruno perdeu seu filho de 8 anos, por conta de complicações médicas. A promessa de ingressar o pequeno nas aulas de Jiu-Jitsu fez com que professor Bruno fizesse a promessa de ensinar crianças como meta de vida, e isso se transformou na busca incessante de conhecimento no assunto. Com isso, Bruno não só se especializou em ensinar jovens, como fez com que o faixa-preta criasse sua metodologia de ensino para crianças, que hoje em ensina por meio de curso on-line ao lado do mestre Álvaro Mansor e de seu sócio, Cácio Zanon.
“Em seus últimos dias de vida ele me disse que queria treinar Jiu-Jitsu. Quando ele se foi eu transformei minha dor em motivação. Montamos uma Escola de Jiu-Jitsu e aplicamos a metodologia desde então.”
Confira a entrevista completa nas linhas abaixo.
GRACIEMAG: Antes de tudo, nos conte como foi a sua aproximação com o Jiu-Jitsu
BRUNO ALVES: Quando era criança eu apanhava na escola e na rua, e meus pais me colocaram no esporte de luta para eu poder me defender, e também controlar uma doença respiratória que também tinha quando jovem, a bronquite. Comecei no judo, quando eu tinha 5 anos, e aos 14 anos vi o Jiu-Jitsu pela primeira vez aqui em Itaperuna, interior do Rio de Janeiro. Meu professor de judô tinha uma conexão com o Cezar “Casquinha” Guimarães e o mestre vinha até a nossa cidade vez ou outra. Quando me aproximei dos 18 anos me alistei no exército, saindo do interior para a metrópole pegando cinco horas de ônibus, e fiquei algumas semanas morando no Casquinha, participando e vencendo algumas seletivas internas da Carlson Gracie para torneios da CBJJ, sempre disputadíssimas. Me graduei como azul, roxa e marrom nesta situação. Anos depois, com o racha na Carlson Gracie, eu segui o meu professor Fabiano Gaudio, faixa-preta do Casquinha, e me graduei faixa-preta em 2007, pelas mãos do Fabiano, no mesmo ano que me formei em Educação Física.
E logo em seguida você focou na carreira de professor, certo?
Comecei dando aulas em projetos sociais no Morro do Castelo, aqui em Itaperuna. Fiz isso por influência do meu professor Fabiano, que tinha essa linha de ação em projetos que formaram grandes campeões, como os amigos Davi Ramos e Leonardo Ligeirinho. Ficava admirado com aquela entrega solidária e comecei, na faixa-marrom, nas comunidades carentes daqui, isso em 2004. Dava aulas para muitas crianças, mas o apoio era quase nulo, e tive que parar por um tempo. Mas tudo mudou com uma situação que ocorreu com o meu filho. Ele teve apendicite, mas por conta de um erro médico ele desenvolveu uma infecção generalizada e veio a falecer em 2012, aos 8 anos de idade. Em seus últimos dias de vida ele me disse que queria treinar Jiu-Jitsu. Prometi que se ele saísse daquela situação faríamos as aulas, mas ele me pediu para que eu voltasse a ensinar crianças. Quando ele se foi eu transformei minha dor em motivação, e comecei a buscar conhecimento específico na área.
Você se especializou nas aulas infantis. Quem foram seus instrutores?
Fiz três cursos com o mestre Leão Teixeira, que é referência no assunto, e adaptei os ensinamentos dele para a minha realidade, nos projetos sociais voltados para crianças. Depois de pegar o ritmo, abri minha primeira turma de crianças na minha academia, em 2015, e comecei a implementar minha própria metodologia, baseada nas aulas do mestre Leão, mestre Casquinha e com o Fabiano, que sempre trabalhou com crianças e foi uma inspiração para mim. Também fiz um curso de Defesa Pessoal com o mestre Sylvio Behring, para aplicar nas minhas aulas. Em 2010, com a ida do Fabiano para o Espírito Santo, me associei à Soul Fighters com o Bruno Tank, e este foi para os EUA. Depois, sob a tutela do Leandro Tatu e do mestre Álvaro Mansor, e com a ida do Tatu para o Double Five, optei por ficar com o mestre Álvaro na Soul Fighters.
Em que ano os ensinamentos de aulas infantis viraram sua metodologia já formada?
Entre 2015 e 2016 foquei em aprimorar minha linha de ensino para crianças, e em 2017 recebi uma proposta do meu aluno e faixa-preta, que treina comigo desde criança, para formarmos uma sociedade. Montamos uma Escola de Jiu-Jitsu e aplicamos a metodologia desde então. Chegamos a quase cem crianças.
E o curso online? Foi criado por conta da pandemia ou teve outra motivação?
Na verdade o Workshop Metodologia Online foi criado para formar meus instrutores, para falarmos a mesma linguagem com os alunos. Tínhamos nas cidades vizinhas outros professores interessados no assunto, e fazíamos aulas presenciais nos finais de semana. Na quarentena, perdemos praticamente todos os alunos, quase fechamos. Mas criamos o curso on-line, baseado no nosso sistema interno, convidamos o mestre Álvaro Mansor para integrar o conteúdo e foi dando certo ao longo do tempo. Estamos indo para a quarta turma do curso, que já atendeu mais de 200 alunos entre professores e instrutores. Basta seguir o nosso Instagram @metodologiabjj para se especializar conosco.
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