23 março 2023

Jackson Silva e a arte de resgatar vidas em projetos sociais

Projeto social Resgatando Mais Um já começou a colher os frutos nos campeonatos. Foto: Reprodução

Transformar vidas de crianças por meio do Jiu-Jitsu e possibilitar uma realidade mais digna a elas é o combustível do faixa-preta Jackson Silva. Ele é o professor responsável pelo projeto social Resgatando Mais Um, em Porto Alegre. O programa é uma iniciativa da Atos Guetho e tem como objetivo apresentar o esporte aos jovens moradores do bairro Serraria, na zona sul da cidade. 

Jackson pretende mudar a vida dos alunos, assim como a dele foi transformada no momento em que conheceu o esporte. “Eu estava acima do peso e consegui melhorar minha qualidade de vida quando comecei a treinar”, lembrou o faixa-preta formado pelos professores Daniel Figueiró e Guto Campos. “Aprendi a lidar com as frustrações, desenvolvi autoconfiança, formei meu caráter, segui bons exemplos e me livrei da depressão graças ao Jiu-Jitsu”, contou.

Além de ministrar aulas no Resgatando Mais Um, Jackson também tem alcançado resultados expressivos nas competições. No ano passado, sagrou-se campeão brasileiro master 1 no peso pesado. 

Jackson Silva no alto do pódio do Brasileiro 2022. Foto: Reprodução

Jackson Silva conversou com a equipe do GRACIEMAG.com e listou as vantagens que o Resgatando Mais Um oferece aos alunos, além das dificuldades enfrentadas para seguir com o projeto.

GRACIEMAG: Como você se tornou professor do projeto Resgatando Mais Um?

JACKSON SILVA: Meu professor Guto Campos e o irmão Guilherme me propuseram ser o professor responsável do projeto social Resgatando Mais Um, na zona sul de Porto Alegre, onde moro. Nem pensei, pois foi por meio de um projeto social que eu conheci o Jiu-Jitsu, há mais de uma década. Meu primeiro professor, o Alessandro Crema, me ofereceu uma bolsa porque eu não tinha condições de arcar com a mensalidade. Isso permitiu que eu conhecesse o esporte que mudou minha vida. Se hoje sou o atual campeão brasileiro master 1 faixa-preta, árbitro e professor da Atos Guetho, foi graças à oportunidade que me foi dada lá atrás.

Qual é a missão maior do projeto?

O projeto, idealizado e coordenado pelo diretor administrativo Diego Martins, busca apresentar o Jiu-Jitsu às crianças do bairro Serraria, na zona sul de Porto Alegre. Os treinos são divididos em três turmas. O foco do programa é possibilitar uma nova perspectiva de vida a esses jovens e, principalmente, evitar que eles sejam atraídos pelo mundo do crime, que é um problema na região. E já começamos a colheita de frutos promissores. No dia 26 de fevereiro, o projeto levou 45 atletas para competir no circuito estadual. Ao todo, foram nove medalhas de ouro, nove de prata e 14 de bronze. O número consagrou  a Atos Guetho vice-campeã infantil por equipes.

Resgatando Mais Um é uma iniciativa da Atos Guetho. Foto: Reprodução

Que benefícios os alunos vêm obtendo na academia?

Além de introduzirmos o Jiu-Jitsu a essas crianças, damos lanches nos treinos com o intuito de criar um ambiente próspero. Também levamos os alunos para passear em parques com piscina e clubes no fim de semana para que eles possam se divertir. Temos planos de implementar um turno inverso às crianças para oferecermos reforço escolar, café da manhã, almoço, café da tarde e ceia.

Como no seu caso, o Jiu-Jitsu já transformou a vida de algumas crianças?

A questão mais relatada pelos pais é o aumento do autocontrole das crianças. E, realmente, os alunos dizem que o Jiu-Jitsu os acalma. Eles também aprendem a administrar as emoções; lidar com a vitória e a derrota em campeonatos; e desenvolver mais o senso de colaboração e de trabalho em equipe.

Quais os maiores desafios que o projeto enfrenta?

As principais dificuldades são estruturais. O local cedido precisa de reformas urgentes, sobretudo para aumentar a área dos tatames. Também faltam ventiladores, pois faz bastante calor no espaço de luta. Não há kimonos para todas as crianças e algumas têm apenas o paletó. Vale destacar que falta verba para a alimentação dos alunos e para o financiamento das competições. Atualmente, seguimos com o apoio dos pais e de poucos benfeitores, por isso a busca por patrocinadores é constante.

 

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