O professor Rodrigo Boroski alcançou a liderança mundial no ranking peso por peso do master 3, na federação AJP neste mês. Nosso GMI à frente da escola Riders Jiu-Jitsu, na Irlanda, o faixa-preta retornou ao circuito competitivo em junho de 2022 e foi recompensado pelo desempenho vitorioso nos tatames. Em sete competições disputadas, Rodrigo garantiu seis pódios. Foram três medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze.
Este é apenas mais um capítulo da história de superação de Rodrigo. Ao longo de sua vida, superou três batalhas contra o câncer e ficou clinicamente morto por 5min19s, após uma parada cardiorrespiratória devido a uma embolia pulmonar. “Eu luto como uma resposta aos médicos, que disseram que meu corpo não teria vitalidade para aguentar uma competição de alto rendimento”, diz o faixa-preta.
Em bate-papo com o GRACIEMAG.com, Rodrigo Boroski descreveu a sensação de liderar o ranking master 3 em meio a uma vida de tantos confrontos e destacou a força da mentalidade para vencer.
GRACIEMAG: O que a liderança no ranking representa para a sua vida depois de todas as batalhas que você enfrentou fora dos tatames?
RODRIGO BOROSKI: Estou extasiado e anestesiado por tantas coisas que passei na vida. Muitas pessoas me criticaram e disseram que eu estava acabado. Meus médicos também me falaram que eu não teria condições de competir no Jiu-Jitsu em alto rendimento, ainda mais na faixa-preta. Eu retornei às competições em junho do ano passado e terminei a temporada da AJP no top 10 e fiquei em nono no ranking da IBJJF. A diferença é que eu luto até 77kg pela AJP, e no meio-pesado pela IBJJF. Como continuo com o peso baixo, cada luta na divisão da IBJJF é um absoluto para mim. Mas sigo feliz porque é uma realização e superação. Vejo que eu posso, independente da condição que me encontro. Mas entendo que chegar é mais fácil do que se manter. Tenho a intenção de competir em mais oito torneios da AJP, principalmente o Grand Slam Rio de Janeiro e o Grand Slam Abu Dhabi, além dos campeonatos da IBJJF.
O que você aprendeu desde o retorno às lutas em junho?
Levo uma lição que o professor Muzio de Angelis me ensinou. Ele diz que a vida não alivia se a gente baixar a cabeça. Então precisamos correr atrás dos nossos objetivos, independentemente do que as pessoas falem. O importante é seguir focado nos treinos. Como não tenho alunos faixas-pretas na academia, faço meu treinamento com os roxas, azuis e brancas. Mas eu tenho um Jiu-Jitsu sólido com base nas técnicas de defesa pessoal. Como o professor Muzio fala, você não escolhe com quem luta. Se alguém quiser brigar com você na rua, é crucial saber se defender. Então não olho as chaves dos campeonatos nem me importo com a posição do meu adversário no ranking. Meu foco está em finalizar, não consigo lutar por pontos. Com exceção de uma, todas as minhas vitórias vieram por finalização. Ao todo disputei sete competições, consegui alcançar seis pódios e conquistei três ouros, um deles no London Open da IBJJF. Também venci os AJP Tour de Barcelona e Paris. Fiquei com a prata no AJP Tour de Bruxelas e levei o bronze nos AJP Tour de Amsterdam e Manchester. Aprendo sempre a seguir a caminhada sem medo, sem me importar com o que os outros falam, além de me dedicar aos alunos para que eles evoluam cada vez mais.
Que fatores possibilitaram tantos feitos expressivos?
Em primeiro lugar, o apoio que recebi da minha mãe, dos meus alunos, do professor Muzio de Angelis, do meu preparador físico e da minha nutricionista. A fé em Deus também me ajuda demais – eu rezo, especialmente quando vou competir, para ter coragem e não desistir. Sinto aquele frio na barriga de ansiedade e preciso enfrentá-lo. Quando conquistei o Grand Slam Londres, senti uma alegria imensurável e consegui provar para mim que é possível alcançar nossos sonhos, caso a gente se dedique e realmente queira. Muitas pessoas vão te desanimar, mas foque em você e no seu potencial. A fé em Deus e a minha equipe me fizeram chegar até aqui. Não sou o top 1 do mundo no master 3, mas hoje estou na liderança. E eu preciso trabalhar bastante porque a temporada só termina em novembro. Cada luta vencida rumo à final é uma batalha. Procuro não pensar tanto nos resultados, quero me divertir e me sentir feliz. Já sou um campeão por tudo que superei na minha vida, como vencer o câncer três vezes e ter sobrevivido a uma cirurgia cardíaca. Sou grato a todos e ao processo por tudo que tenho conquistado. Mantenho o respeito, já que é o que me faz ter foco e disciplina. Não quero provar nada àqueles que quiseram me frustrar, mas a quem me incentiva a continuar diariamente.
Qual é o poder da mentalidade para superar as adversidades?
É manter a mente feliz. Vejo muitas pessoas que competem para provar algo a alguém e ficam muito frustradas com a derrota. Eu não penso dessa forma. Eu abraço meus adversários nas vitórias e nas derrotas. Não conquistaria a medalha sem os meus oponentes, tenho carinho por eles. Luto para provar aos meus médicos, que me disseram que o meu corpo não teria vitalidade para aguentar uma competição em alto rendimento. O meu Jiu-Jitsu foi lapidado pelo Muzio de Angelis e tenho um jogo mais técnico. Eu até dava aulas e treinava no período da radioterapia. Procuro manter a calma para aplicar a expertise e a técnica. Nada foi pior do que o tratamento do câncer, não tenho nada a perder. E, como tenho este sentimento, fico blindado e mais solto quando vou lutar. O adversário mais difícil é aquele que não tem nada a perder. Me considero vitorioso só de estar no tatame.
Quais são os seus próximos objetivos?
Meu foco está na AJP e vou lutar alguns campeonatos da IBJJF para me manter no ranking. A meta é ser campeão no Abu Dhabi World Pro e encerrar a temporada 2023 na liderança no ranking. No momento, eu estou no top 1, mas quero ser o top 1. Ainda há muitos campeonatos pela frente e faixas-pretas experimentados que têm o mesmo objetivo que eu. Vou lutar todos os campeonatos possíveis. Em 2024, pretendo me resguardar dos torneios da AJP para alcançar o topo do ranking master 3 na IBJJF. Espero fazer um trabalho com a minha equipe para chegar nos 88kg e ter melhores condições de enfrentar os oponentes. Quero me manter feliz e me dedicar aos alunos a fim de exaltar também a importância da técnica e dos fundamentos de defesa pessoal.
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