Texto: Julio Viotti
O nível de resiliência necessário ao desenvolvimento adequado de um atleta começou a se desenvolver muito cedo na minha vida. Creio que antes mesmo do meu nascimento. Vou explicar.
É que minha mãe contraiu o vírus da toxoplasmose intrauterina no terceiro trimestre da minha gestação, o que acarretou a perda de 90% da visão do meu olho direito e 45% do olho esquerdo, além de uma ligeira imaturidade no sistema nervoso central.
As dificuldades, que a princípio poderiam apontar para uma vida de dependência e sedentarismo, mais tarde, com a minha entrada no mundo dos esportes, tornaram-se desafios potentes que impulsionaram o meu desenvolvimento e transformaram a minha vida.
Foi uma trajetória repleta de embates, derrotas e inúmeras vitórias no decorrer da infância e da adolescência. Na arena do meu mundo interior, venci o bullying, ultrapassei os estigmas das dificuldades intransponíveis e superei inúmeras adversidades. Fortaleci minha coragem, construí minha autoestima e, aos 15 anos, inspirado por uma luta do atleta Fabio Gurgel, um primo distante, decidi tentar praticar Jiu-Jitsu.
Mas os tempos eram outros. Na academia em que iniciei, só eram aceitos alunos com aptidões para as artes marciais. Eu representava o oposto disso para eles. Eu era muito magro, com algumas dificuldades de coordenação motora fina e sem desenvolvimento algum da musculatura. Logo nos primeiros meses de treino, recebi um castigo devido ao toque do meu celular fora do tatame. O resultado do castigo foi uma clavícula quebrada que me afastou por vários anos do Jiu-Jitsu.
Voltei a ter uma vida sedentária e continuei com meus péssimos hábitos alimentares durante esse período. Aos 26 anos, eu pesava 105kg e tinha 36% de gordura corporal. Busquei novamente o Jiu-Jitsu com o intuito de melhorar minha qualidade de vida. A partir de então, nunca mais parei de praticar esportes. Cursava a faculdade de educação física e treinava apaixonadamente todos os dias. Participei de inúmeros campeonatos locais, municipais, nacionais e internacionais.
O Jiu-Jitsu mudou minha vida completamente e me ajudou a perceber que somos capazes de alcançar o que quisermos. Basta determinação para corrermos atrás dos nossos sonhos com muita responsabilidade, coragem e disciplina. Ainda na faixa-azul passei a pesar 78kg e o meu percentual de gordura caiu para 8%. Mantenho até hoje hábitos saudáveis, organização e a disciplina necessária.
O ponto importante do esporte é que ele vai muito além da excelência do exercício físico. Também pode ser responsável pelo desenvolvimento integral do ser humano a partir dos valores ensinados no Jiu-Jitsu.
Meu próximo objetivo é desenvolver um projeto para que eu possa construir minha própria academia nos Estados Unidos proporcionar à população do país os grandes benefícios que o Jiu-Jitsu trouxe para minha vida e de inúmeras pessoas. Dessa forma, ampliarei o trabalho que tem sido feito na minha escola Gracie Barra Jacutinga, em Minas Gerais.
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