28 maio 2022

As lições de Ronaldo Possato: policial, mergulhador e campeão de Jiu-Jitsu

Além de faixa-preta formado pelo professor Barbosinha, você é Comandante do COE (Comandos e Operações Especiais) e responsável pelo treinamento de defesa pessoal da Academia de Polícia Militar do Barro Branco em SP. Como o Jiu-Jitsu ajudou na sua trajetória nas forças policiais?
RONALDO POSSATO: Conheci o Jiu-Jitsu na Academia de Polícia Militar do Barro Branco em 1996, havia um aluno da minha turma que era faixa-marrom e treinava com a gente nos fins de tarde. Meu primeiro professor foi o Giba da Lótus, e há anos estou com o Barbosa. Em várias situações o Jiu-Jitsu me ajudou profissionalmente, em missões no COE, para controlar e algemar criminosos agressivos, sem a necessidade de uso de força mais contundente ou mesmo letal. Mas principalmente no período em que comandei o GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais), grupo de elite da PM paulista que atua em ocorrências envolvendo reféns, pessoas com propósitos suicidas armadas e bombas. No GATE temos a doutrina de utilizar as Alternativas Táticas: Negociação; Técnicas não letais; Sniper; Invasão Tática. O Jiu-Jitsu se encaixa como uma luva nas necessidades da alternativa Técnicas Não Letais, pois essas contramedidas são extremamente eficientes no controle e imobilização de pessoas mental ou emocionalmente perturbadas, sob o efeito de substâncias entorpecentes ou medicamentos, ou mesmo criminosos violentos. Ao mesmo tempo que causam poucos ou nenhum ferimento nos detidos, o BJJ torna as imagens da ação policial menos violentas e com isso mais aceitas pela sociedade. Por isso os EUA investem pesado no treinamento de BJJ para forças policiais, principalmente após o caso do óbito de George Floyd durante uma ação policial, em que o agente tentava imobilizar e algemar o detido.

E como a sua experiência nas forças policiais enriqueceu o seu Jiu-Jitsu?
A utilização do Jiu-Jitsu em situações reais fez com que eu acreditasse mais ainda em sua eficiência, e com isso me dedicasse mais aos treinamentos. O maior seguro que um policial pode ter é estar bem preparado. Ao mesmo tempo que esse treinamento me fazia um policial mais calmo e com mais autoconfiança, que dependia menos da arma de fogo.

Quais são as dicas que você pode dar aos leitores da GRACIEMAG para eles se tornarem faixas-pretas de sucesso?
Não desistir, não se preocupem com o futuro, viva sua caminhada diária, saboreie as pequenas vitórias, os pequenos degraus técnicos e físicos transpassados, pois é uma estrada que não tem um ponto de chegada, curta a viagem.

Quais foram os principais desafios que você teve que vencer ao longo da sua carreira no Jiu-Jitsu?
Conciliar as demandas profissionais e pessoais com o Jiu-Jitsu. Por exemplo, quando fui fazer o curso de Operações Especiais, tive que focar na preparação para o curso por quase um ano, e mais uns meses de recuperação deste, no total quase um ano e meio parado. Mas temos que saber as prioridades momentâneas da vida e saber recomeçar.

Você gosta mais de competir ou de dar aulas?
Gosto muito de competir, isso me desafia estratégia, física e psicologicamente, ao mesmo tempo que me faz um professor com mais bagagem. Atualmente só dou aula dentro da corporação, principalmente de técnicas de defesa pessoal e contramedidas.

Quem foi o seu grande ídolo na carreira, aquela pessoa que serviu como diretriz nas suas grandes decisões?
No Jiu-Jitsu, meu mestre Barbosa, ele me fez ver o Jiu com outros olhos, entender como era importante para a formação pessoal de um bom cidadão. Já na polícia são meus irmãos caveiras, que já riram, choraram e sangraram tantas vezes ao meu lado, sem nunca me abandonar.

Você também tem muita experiência como mergulhador, certo? O que você aprendeu de mais relevante nessa atividade?
Sou instrutor de mergulho em caverna, acredito que a metodicidade e a preparação mental para enfrentar mergulhos de 5 ou 6 horas dentro de uma caverna alagada, escura e a quilômetros da entrada mais próxima, ajudam muito nas pressões psicológicas dos campeonatos ou mesmo durante um “amasso”.

Qual é a técnica do Jiu-Jitsu que faz mais sucesso nos cursos que você ministra junto aos grupos policiais?  
Contra retenção de arma de fogo e imobilizações para algemamento.

Quais são as suas metas para o futuro?
Competir mais um pouco e montar uma academia de jiu jitsu com centro de treinamento policial, com cursos especializados para profissionais de segurança pública.

Qual é a frase motivacional que você gosta de repetir para você mesmo quando está passando por uma situação difícil?
A frase que está escrita no cerimonial do curso de Operações Especiais de São Paulo. “Que eu nunca envergonhe minha Fé, minha família ou meus camaradas”.

The post As lições de Ronaldo Possato: policial, mergulhador e campeão de Jiu-Jitsu first appeared on Graciemag.

https://ift.tt/uCKaGo0

Nenhum comentário:

Postar um comentário