Mais uma década se passou e quantas mudanças ocorreram de 2010 para cá, no Brasil e no mundo. Mudou-se o modo como absorvemos informações, nos divertimos, fazemos política, nos relacionamos. Tivemos a transformação dos smartphones, a explosão das fakenews, a Primavera Árabe, o consumo de músicas, filmes e séries por streaming, o Brexit e talvez a mais importante: “Star Wars” de volta aos cinemas, com uma nova trilogia.
O MMA também passou por mudanças drásticas e eventos antológicos. Com o fim do Pride no final dos anos 2000, tivemos uma década de hegemonia do UFC. A organização gerenciada por Dana White se tornou um negócio bilionário com sua venda pelos irmãos Ferttita para o grupo WME-IMG. Isso acabou inflando o aspecto de entretenimento, com superlutas e promoções diferentes, o que nem sempre foi bom para o mérito esportivo. Vimos ascensão e queda de alguns dos maiores nomes do esporte e a popularização do MMA no Brasil como nunca antes.
Para representar essa década de tantos acontecimentos no MMA, escolhemos dez lutas que marcaram o período. Muitos vão questionar que não foram “as melhores” ou que atletas importantes ficaram fora. Com tantos combates excelentes nestes dez anos, era impossível que isso não acontecesse. Nossa escolha buscou as lutas que simbolizavam o zeitgeist, o “espírito de uma época”, seja pelos atletas envolvidos, seja pela relevância que tiveram. Confira a lista, em ordem cronológica, e mande a sua!
1. Chuck Liddell X Rich Franklin (UFC 115 – 12 de junho de 2010)
O ocaso dos antigos ídolos. Rich Franklin e, especialmente, Chuck Liddell haviam sido dois dos campeões mais populares da década de 2000. Porém, em 2010, o tempo já cobrava seu preço e as derrotas começavam a acumular. Ainda assim, Rich e Chuck nos proporcionaram uma última grande luta para marcar a passagem de geração.
2. Anderson Silva X Vitor Belfort (UFC 126 – 5 de fevereiro de 2011)
Anderson Silva, o grande gênio do MMA, acerta um dos golpes mais bonitos da história do esporte, nocauteia Belfort e rouba dele o título de lutador mais popular do Brasil. Faz o MMA alcançar seu auge de popularidade no nosso país, com ampla repercussão na grande mídia. O UFC deixava de ser assunto exclusivo dos aficionados e entrava no cotidiano de todos os brasileiros.
3. Rodrigo Minotauro X Brendan Schaub (UFC 134 – 27 de agosto de 2011)
A volta do UFC ao Brasil. O Rio de Janeiro recebia um evento de gala, com ingressos que se esgotaram em menos de uma hora. Entre tantas lutas importantes, a noite foi marcada pela catarse coletiva do público quando o ídolo Minotauro, voltando de lesão gravíssima, numa luta na qual estava sendo pressionado, nocauteou o jovem Brendan Schaub.
4. Maurício Shogun X Dan Henderson (UFC 139 – 20 de novembro de 2011)
Tida por muitos como uma das melhores lutas do UFC de todos os tempos, esta batalha envolveu cinco rounds de guerra franca entre Shogun e Dan Henderson. Essas lendas do esporte acertaram e receberam golpes duríssimos, alternaram knockdowns e lutaram com todas as suas forças até o fim, quando Hendo levou. Impossível assistir sentado.
5. Georges St-Pierre X Carlos Condit (UFC 154 – 17 de novembro de 2012)
O lutador mais completo e estratégico do esporte reinou invicto na década. St-Pierre defendeu seu cinturão meio-médio por seis vezes nesse período e ainda voltou da aposentadoria para conquistar o título dos médios. Todavia, seu maior desafio foi essa batalha contra o duríssimo Carlos Condit, na qual quase foi nocauteado por um chute na cabeça, se recuperou e venceu após cinco rounds.
6. Ronda Rousey X Liz Carmouche (UFC 157 – 23 de fevereiro de 2013)
O talento e o carisma da medalhista olímpica Ronda Rousey conseguiram convencer Dana White a incluir o MMA feminino no UFC. Nesta histórica estreia, Ronda esteve à altura de todo o burburinho e finalizou Carmouche com seu ataque mais característico: o rápido e preciso armlock. A partir do sucesso dessa noite, o UFC criaria gradativamente quatro categorias de peso de MMA feminino. Ronda chegaria a se tornar a estrela máxima da organização (ainda maior do que os campeões masculinos) durante algum período, até ser derrotada por Holly Holm e Amanda Nunes e se aposentar do esporte.
7. Jon Jones X Alexan- der Gustaffson (UFC 165 – 21 de setembro de 2013)
Não poderíamos falar da década de 2010 sem falarmos de Jon Jones. O campeão mais assustador e dominante da história do UFC conquistou seu cinturão em 2011 e só foi afastado dele em razão do próprio comportamento. Uso de drogas, escândalos,doping, um acidente de carro sob influência de entorpecentes e uma incontida arrogância impediram que Jones se tornasse unanimidade. Dentro do octógono, seu maior adversário foi Alexander Gustaffson, que igualou a vantagem da envergadura, acertou bons golpes e proporcionou uma provação árdua que acabaria por consagrar definitivamente o campeão.
8. Amanda Nunes X Miesha Tate (UFC 200 – 9 de julho de 2016)
Quem diria que a histórica edição 200 do UFC seria protagonizada por uma mulher brasileira? Num dos cards mais completos, com estrelas e grandes combates em quase todas as lutas, Jon Jones foi pego no exame antidoping e a principal disputa de cinturão da noite passou a ser a do peso-galo feminino. Nessa luta, Amanda Nunes acerta um potente soco na campeã Miesha Tate, a derruba e a finaliza com um mata-leão no primeiro round. Assim como o UFC 1, o UFC 200 terminava com um atleta do Brasil usando bem o Jiu-Jitsu. Seria início da dominância de Amanda, que viria a vencer Rousey, Shevchenko, Cyborg, Holm, para se tornar a maior lutadora da história do MMA feminino.
9. Conor McGregor X Eddie Alvarez (UFC 205 – 12 de novembro de 2016)
Há quem diga que o maior personagem da década foi Conor McGregor. De fato, o irlandês soube como ninguém se promover e levar o estrelato no MMA a outro patamar. Falador, inteligente, estiloso e bem humorado, McGregor tornava suas coletivas de imprensa uma atração quase tão divertida e disputada quanto o evento de lutas. Diferente de outros falastrões como Chael Sonnen, Conor é realmente um grande lutador, chocando o mundo ao nocautear o campeão José Aldo em 13 segundos. O antológico UFC 205 foi importantíssimo por marcar a realização do primeiro evento de MMA no Madison Square Garden em Nova York (um antigo sonho da organização) e a primeira unificação de títulos de categorias diferentes. Conor esteve à altura de sua garganta, deu um show de precisão e esquivas e nocauteou Alvarez para se tornar campeão simultâneo dos pesos pena e leve.
10. Israel Adesanya X Robert Whittaker (UFC 243 – 5 de outubro de 2019)
Se começamos esta lista com uma luta que representava o fim de uma geração de ídolos, nada melhor do que encerrar com uma que representa o potencial de uma nova geração. A disputa de cinturão de uma das mais acirradas categorias do esporte se deu entre dois jovens e talentosos lutadores. O neozelandês Whittaker e o nigeriano Adesanya são resultados da atual globalização do esporte. São rápidos, perigosos e têm estilos de luta plásticos e emocionantes. Numa velocíssima troca de golpes, Israel acertou uma sequência em contragolpe que nocauteou Robert e coroou mais um campeão oriundo da África (o primeiro foi Kamaru Usman).
Como o esporte vai evoluir de agora em diante? Que novos prospectos vão virar favoritos dos fãs? Não há limites para o que o MMA pode nos proporcionar na década que se inicia em 2020. Continue acompanhando conosco aqui nas páginas de NOCAUTE, e feliz ano novo.
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