Capa de nossa GRACIEMAG #274, o policial Rodrigo Prujanski contou como os programas de Jiu-Jitsu junto à polícia carioca ganharam ainda mais força após a publicação. Confira o papo nas linhas abaixo.
GRACIEMAG: Depois daquela capa, soubemos que houve avanços no programa de capacitação de policiais por meio do Jiu-Jitsu, certo? Como está isso?
RODRIGO PRUJANSKI: Sim, em agosto demos início a um novo projeto, e com orgulho explico um pouco sobre isso. Trata-se do programa de capacitação em Defesa Pessoal e Abordagem, realizado junto à polícia militar do Rio de Janeiro. A ideia central é reforçar a filosofia de sucesso presente na prática do Programa Segurança Presente, que é o policiamento comunitário/proximidade, onde o cidadão-policial está a serviço da comunidade, disponibilizando-se para construir o bem comum. Esta parceria entre policial e cidadão é fundamental para criar uma sociedade mais pacífica e ordeira. Estamos, portanto, investindo num tipo de policiamento mais sensível a qualquer tipo de problema que possa ocorrer em determinado espaço territorial, e não apenas às ocorrências criminais propriamente ditas.
Você e sua equipe dão aulas de Jiu-Jitsu para policiais, então? Na prática é isso?
Na verdade, a equipe de instrutores que estou tendo a oportunidade de coordenar é formada por três faixas-pretas de Jiu-Jitsu com uma estrada atuante como professores da arte suave. Estou completando 16 anos de faixa-preta em 2020, com diversos professores formados, inclusive campeões internacionais. Sou, ainda, o professor responsável por três unidades da Gracie Barra no Rio de Janeiro, em Botafogo, Copacabana e Ipanema, e meu intuito é o de liderar minha brilhante equipe no propósito de capacitação de nossos profissionais de segurança.
Ao meu lado estão o 1º Tenente PM Goulart, líder da equipe Superação Jiu-Jitsu, faixa preta 4º grau, já tendo formado inúmeros faixas-pretas e campeões da arte suave; o Subtenente PM Guimarães, faixa-preta 3º grau, líder da equipe Chumbo Jiu-Jitsu, professor das talentosas gêmeas Leticia e Isabelle Cuba. E tanto o Goulart como o Guimarães possuem o Curso de Instrutores do Método de Defesa Pessoal Policial, um método próprio e específico criado pela Polícia Militar e que agrega muito às instruções. Porém, entendemos que poderíamos incrementar mais, aproveitando as doutrinas de diversas unidades como o Choque, o CIEAT (tiro), tudo para envolver de maneira ainda mais ampla as necessidades dos policiais.
Além do Jiu-Jitsu, portanto, vocês estudam diversas técnicas de outras modalidades…
Exatamente. Ao somar nossas especialidades, conseguimos construir algo novo, desapegado a conceitos limitadores a esta ou aquela arte marcial. O novo Sistema é calcado na observação da atuação profissional por parte dos agentes de segurança na estrita legalidade pautada na atuação técnica operacional, diminuindo os riscos e os efeitos colaterais no exercício da profissão. Logo, não se trata só de Jiu-Jitsu, defesa pessoal, krav-maga ou judô, e sim uma reunião de tudo aquilo que melhor se aplica a realidade e necessidade do policiamento de proximidade.
O projeto e os treinos serão restritos aos policiais militares?
Começamos a parte de capacitação juntos aos policiais que compõem o Programa Segurança Presente, e posteriormente estenderemos a todo o efetivo do Programa Marcha pela Cidadania e Ordem, Lei Seca e Barreira Fiscal. Temos o propósito de levar esse conhecimento de volta para a Polícia Militar, pelas mãos do efetivo que já esta nas ruas e também de todas as instituições de segurança que quiserem adotar esta atuação técnica profissional na ponta da linha. É aquilo, estamos numa profissão que não permite erros, exigindo que tenhamos de estar sempre capacitados e preparados para os mais diferentes casos. Logo, o conhecimento não pode e não deve ficar limitado e restrito a uma classe.
Perfeito. Que mensagem final você gostaria de deixar ao pessoal que atua na área de segurança pública e privada?
Senhores, treinem muito! Treinem para que não sejam surpreendidos jamais. E treinem até o ponto de adquirirem a memória muscular necessária para agir de forma automaticamente, sem dar margem para o erro ou o azar. Minha maior recomendação é que os profissionais dessa área se matriculem numa arte marcial, adquiram o foco e a disciplina que ela lhe proporciona. Entrem no Jiu-Jitsu, judô, muay thai, boxe ou qualquer outra luta. Somente numa boa academia a pessoa vai compreender como administrar a pressão, e entender que é vital treinar uma situação de risco mesmo que jamais seja necessário, pois muito pior é, na hora H, precisar e não saber! Oss!
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