03 junho 2020

Elcirley Silva explica formato de reabertura e aconselha professores de Jiu-Jitsu: “Levantem-se”

Professor Elcirley com seus alunos presenciais, seguindo os protocolos de segurança. Foto: Divulgação

* Entre para o time GMI! *

Após 72 dias com as portas fechadas, nossa GMI Gracie Barra em Barra do Garças, do professor Elcirley Silva, finalmente está em funcionamento. Seguindo os protocolos de segurança exigidos pelo governo do Mato Grosso, o faixa-preta, referência no Parajiu-Jitsu, dividiu com GRACIEMAG as lições da quarentena, os passos dados rumo à reabertura, e as dicas para os professores de outras partes do Brasil, para que estes caminhem para voltarem a trabalhar presencialmente com seus alunos:

“Os professores não podem desistir”, alertou Elcirley. “Eles devem se unir, estudar, procurar as autoridades. O Jiu-Jitsu está numa fase que não se sabe quando voltaremos “ao normal”. Não existe uma data. Existe a adaptação, e nós estamos incentivando a todos que voltem às suas atividades, mas da maneira correta, seguindo os protocolos de saúde e segurança.”

Confira o papo completo nas linhas abaixo:

GRACIEMAG: Como você reagiu ao fechamento e quais foram as primeiras medidas adotadas?

Elcirley Silva: Pedimos para que os alunos obedecessem toda a qualquer orientação sanitária. Passava a ser importante eles entenderem que o princípio da vida e da segurança deles estariam em primeiro lugar. Treinei Jiu-Jitsu em casa, com a minha família. Os exercícios foram de suma importância para manter a imunidade alta nesse período fechado. Manter o corpo e a mente saudáveis. Observamos o mundo se transformando, e seguimos a linha das aulas online. Ouvimos relatos de alunos que logo nas primeiras semanas aumentaram de peso, por conta do sedentarismo. A forma de trabalhar em casa, com exercícios, é guiada pela adoção de uma rotina, assim como é feito na academia. Essa foi a receita de sucesso dos meus alunos.

Quais foram as lições do período fechado? Como você refletiu e se preparou para reabrir nesse hiato?

Ficamos 72 dias fechados. Após 40 dias, nós observamos os impactos dessa quarentena, principalmente no cenário econômico, com risco de fechar os negócios, encerrar os sonhos da nossa GB Barra do Garças para sempre. Como um embaixador do Jiu-Jitsu Paradesportivo, ajudando pessoas a se readaptarem, a acreditarem no amanhã, vimos que a previsão, caso ficássemos na inércia, seria a escuridão. Começamos a nos mexer, entender a situação governamental e ir atrás de soluções. Não adianta se debater com a justiça, contra o governo. Procuramos o Ministério Público com a premissa de que não poderíamos deixar profissionais de atividades físicas em casa. Se existem protocolos, vamos segui-los. Distanciamento, limpeza, uso de equipamento de proteção… Apresentamos um projeto para levar as aulas de Jiu-Jitsu como um agente de saúde. Professor de Educação Física são conhecedores do corpo humano e dos benefícios do movimento, e entendemos que a nossa imunidade está diretamente ligada à atividade física regular. Procuramos as autoridades competentes, mostramos resultados de outros países, apresentamos os malefícios da ociosidade, isso sem falar dos danos psicológicos. Nada melhor do que a arte suave para deixar seu corpo e mente ativos. E deu certo.

A academia GB Barra do Garças, em Mato Grosso, já formatada para o ‘novo Jiu-Jitsu’. Foto: Divulgação

Para a reabertura, quais foram as medidas exigidas pelo governo do Mato Grosso?

Começamos pelo agendamento das aulas, para que a cada hora chegue somente o número de alunos que a academia possa comportar. Os espaços individuais são de 2m², demarcados, e cada espaço dispõe de um material de higiene pessoal, com álcool 70% e um pano de chão com cloro. Cada atleta deve vir de casa já vestindo o seu kimono e com sua garrafa d’água, e preferencialmente tendo usado o banheiro de sua casa para as necessidades fisiológicas antes da aula, para evitar o uso do banheiro da academia (que não está fechado). O aluno chega, entra no seu quadrante, tem a sua aula, e logo em seguida ele mesmo limpa o espaço que utilizou, com o material de limpeza previamente disponibilizado pela academia, para o próximo que entrar tenha o espaço limpo e limpe logo após sua aula, também. As arquibancadas ao redor do tatame para espectadores estão fechadas. Outra coisa é que as aulas online continuam. As aulas presenciais são filmadas e transmitidas para quem estiver em casa quiser acompanhar e participar.

E qual é o conselho para outros professores conseguirem a liberação para dar aulas?

Os professores não podem desistir. Eles devem se unir, estudar, procurar as autoridades. O Jiu-Jitsu está numa fase que não se sabe quando voltaremos “ao normal”. Não existe uma data. Existe a adaptação, e nós estamos incentivando a todos que voltem às suas atividades, mas da maneira correta, seguindo os protocolos de saúde e segurança. Acredite no que você ensina, no seu Jiu-Jitsu, nos seus alunos, e espalhar a mensagem de que todos devem estar fortes nesse momento, evitando doenças por meio da prática esportiva. Estamos pondo em prática o que o Jiu-Jitsu nos ensinou toda a vida.

Inclusive, eu gostaria de alertar. Eu, que sou atleta com deficiência e competidor ativo, percebo que o Jiu-Jitsu está encarando um problema que a pessoa com deficiência encara todos os dias. A discriminação de existir, de poder participar, da falta de sensibilidade conosco. Esse é o mesmo sentimento que a pessoa com deficiência vive. Nossa adaptação para as coisas do cotidiano é um retrato igual para as demais pessoas entenderem como é se adaptar a tudo. Meu dilema do passado volta a surgir: “Ou você vai sucumbir à realidade, ou trabalhar e viver”. O Jiu-Jitsu ensina a viver com luta, trabalho, confiança. Ninguém disse que seria fácil, mas vamos nos unir sob a bandeira do Jiu-Jitsu. Não teve liberação para abrir? Procure as autoridades, apresente um projeto, construa esse caminho. Use o nosso modelo como exemplo a ser apresentado, com protocolos de segurança. Não seja esquecido! Levante-se e lute.



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