17 dezembro 2018

Depois de BJ Penn, Havaí consagra outro craque das pranchadas: Max “Blessed” Holloway

O texto a seguir foi publicado originalmente na edição #261 de GRACIEMAG, pelo cronista e comentarista Mauro Ellovitch. Mauro acertou na mosca: Max Holloway (18v, 3d) fez, no último dia 8 de dezembro, uma das grandes lutas do ano ao defender seu cinturão peso-pena no UFC 231, contra Brian Ortega.

Relembre os altos e baixos da carreira do craque havaiano, e para ler outras crônicas como esta em primeira mão, assine GRACIEMAG, em formato digital ou de papel, entregue em casa. Oss!

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Aloha, amigo leitor! Para quem não é fã de MMA, o Havaí pode ser conhecido apenas pelas ondas radicais e por ser a terra do detetive Magnum. Se bem que só vai entender essa referência quem assistia à série de TV dos anos 1980, estrelada pelo bigodudo Tom Selleck. Mas antes que eu entregue ainda mais a minha idade, vamos ao que interessa.

Muitos não sabem que o arquipélago do Havaí é a terra de um povo guerreiro, descendente de polinésios. O capitão James Cook, primeiro europeu a “descobrir” o Havaí, acabou sendo morto em confronto com os nativos, que não aceitaram passivamente os estrangeiros – ao contrário, por exemplo, da maioria dos nossos indígenas brasileiros. Os navegadores e surfistas havaianos enfrentaram (e enfrentam), corajosamente, ondas com mais de quatro metros de altura. Não é de se estranhar que tal terra dê origem a lutadores destemidos.

O maior nome do Havaí nas artes marciais mistas ainda é, sem dúvida, BJ Penn. O “Prodígio” conquistou os cinturões peso leve e meio-médio e é considerado o maior campeão até 70kg. No documentário “Mana”, Penn exalta o lado guerreiro de seus compatriotas e aposta no surgimento de novos talentos em potencial.

A evolução do lutador havaiano atingiu o ápice atual com Max “Blessed” Holloway. O jovem natural de Waianae, de 1,80m de altura e 66kg, conquistou o cinturão peso-pena, com um ótimo aproveitamento da avantajada envergadura, um boxe afiado, um jogo de quedas e de chão competente e muita resiliência. Mas se engana quem acha que Max só encarou “marolinhas” em suas braçadas rumo ao título. Pelo contrário.

Holloway surfou algumas das maiores “big waves” do esporte durante essa vitoriosa trajetória. Já na estreia pelo UFC, com apenas 20 anos e quatro lutas profissionais na carreira, Holloway “tomou um caldo” do mais experiente e mais forte Dustin Poirier, sendo finalizado no primeiro round.

Sua carreira continuou oscilando como as marés e estava com duas derrotas e três vitórias no UFC quando foi escalado para enfrentar o então astro em ascensão Conor McGregor no “UFC Fight Night: Shogun vs Sonnen”, em 2013. Os dois prospectos travaram uma verdadeira guerra, que foi decidida a favor do irlandês em decisão dos jurados. Holloway é, até hoje, o único lutador peso-pena do UFC que enfrentou McGregor e não foi nocauteado.

A partir dessa luta, o magrinho havaiano mostrou definitivamente que tinha potencial para ser um “big rider” e engatou uma incrível série de nove vitórias consecutivas contra grandes nomes, como Cub Swanson, Charles “Do Bronx” Oliveira, Jeremy Stephens e Ricardo Lamas. Nesse ínterim, McGregor chocou o mundo ao nocautear José Aldo Júnior, quebrando dez anos de invencibilidade do então campeão dos penas.

“Holloway continuou oscilando como as marés até ser escalado para enfrentar Conor McGregor em 2013. Foi uma verdadeira guerra, decidida pelos jurados. Holloway é o único peso-pena do UFC que enfrentou McGregor e não foi nocauteado.”

Daí seguiu-se a notória enrolação, digo, planejamento de carreira de McGregor. O irlandês anunciou sua subida de categoria e deixou a divisão à deriva. Aldo teve seu título devolvido, mas uma série de lesões o impediram de defendê-lo. Complicando ainda mais a situação esquisita, Dana White organizou uma disputa de cinturão interino entre Holloway e o ex-campeão dos leves Anthony Pettis. O havaiano, que não tinha nada a ver com essa confusão, “dropou” a onda e nocauteou Pettis, em sua décima vitória consecutiva.

Veio a inevitável disputa de cinturão contra José Aldo, no “point” do adversário, no Rio de Janeiro. No UFC 212, Max seria o “haole” e Aldo seria o “local”.

Depois de começar mal no primeiro round, Holloway encontrou a distância, acertou potentes contragolpes no campeão e obteve o nocaute técnico que calou a Jeunesse Arena no terceiro round. Veio a revanche no UFC 218, realizada em Detroit, mas o resultado foi o mesmo: vitória do havaiano por nocaute técnico, no terceiro round.

Mesmo após derrotar duas vezes um dos maiores ídolos nacionais, o “Abençoado” havaiano não foi hostilizado pelos torcedores brasileiros. Sua simpatia, humildade e respeito garantiram-lhe um merecido lugar entre os favoritos do público na atualidade. Seu destemor ao se voluntariar para enfrentar Khabib Nurmagomedov no UFC 223, e ao responder à altura as provocações de McGregor pela internet, aumentaram a expectativa em vê-lo de volta ao octógono.

Max andou sofrendo problemas de saúde devido ao corte de peso e algumas concussões. Torço para que em 2019 ele siga com saúde defendendo seu cinturão. Torço, principalmente, para que este bravo havaiano continue surfando a onda de seu merecido sucesso. Mahalo!



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